Nas artes cênicas, atuou em grandes espetáculos tais como: “O Círculo de Giz Caucasiano” de Bertold Brecht - “O Homem Imortal” de Luiz Alberto de Abreu – “Rei Lear e Comédia dos erros” de W. Shakespeare, entre outros. Participou de produções teatrais nas peças: “A Família Addms” de Cássia Barros e “O Presidente exige mais bonecos” de Kadu Pinheiro e renomados festivais de teatro como “Isnard Azevedo” em Florianópolis.

Fez grandes cenários para Cia de Dança “Jaime Arouxa” e curtas para cinema, entre eles: “Por dentro de uma gota d’água” de Felipe Bragança e Marina Meliande, onde fez cenografia com Clara Meliande e Gustavo Bragança; - “Crianças” de Pedro Modesto e “Um dia, Um Jardim” de Mônica Brito. Como design, fez um belíssimo troféu para premiação de melhores atores teatrais no ano de 2001.

18 maio 2013

João Havelange Encurralado!


Tratado pelo mundo afora como grande dirigente do esporte, João Havelange foge do cargo para evitar punição após acusações de receber propina

Dirigente brasileiro com maior trânsito no cenário mundial e com um currículo invejável, apesar da carreira cheia de ações obscuras, João Havelange teve de fazer mais uma jogada, talvez a última, para não ver sua reputação ruir de maneira escancarada: sem qualquer anúncio, ele renunciou no dia 18 de abril ao cargo de presidente de honra da Fifa. Isso para não sofrer uma punição pela participação no escândalo envolvendo a entidade máxima do futebol e a falida agência de marketing esportivo ISL.


O Comitê de Ética da Fifa apontou que Havelange recebeu propina da ISL, que negociava os direitos de transmissão dos eventos organizados pela Fifa, assim como outros dirigentes que já haviam deixado seus cargos: Ricardo Teixeira, ex-genro de Havelange e agora ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e do Comitê Organizador da Copa de 2014, além do paraguaio Nicolás Leoz, que também no fim de abril pediu para deixar o cargo de presidente da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol).


Havelange, que foi membro do Comitê Olímpico Internacional (COI) de 1963 a 2012 e presidiu a Fifa de 1974 a 1998, é tido como um grande dirigente do esporte mundial. Mas sua carreira de sujeito apontado como responsável por transformar o futebol em um negócio milionário – apesar das acusações que teve de se apropriar desse volumoso negócio – coleciona escândalos. Ele teria colaborado com governos de ditadores, como na Copa de 1978, na Argentina; usado do tráfico de influência pelo mundo afora para negócios com patrocinadores, escolhas de eventos e eleições em cargos das entidades do futebol mundial; e preparado o terreno para Ricardo Teixeira ser presidente da CBF, mantendo com o ex-genro, por anos, negócios obscuros. Foi ainda acusado de compra de votos para eleger o atual mandatário da Fifa, Joseph Blatter, que seria o responsável por preparar a ascensão de Teixeira. Mas o suíço gostou do poder e não perdeu a chance de derrubar a dupla de cartolas brasileiros.


“Já tinha passado da hora dele ter renunciado. Pessoas que ocupam cargos de destaque e relevância devem dar exemplo. E qual era a imagem que a Fifa passava com um presidente de honra acusado de receber propina?”, questionou o deputado federal e ex-jogador Romário, que ainda pediu: “Tem mais gente que deveria seguir o exemplo do Havelange, como o atual presidente da CBF, José Maria Marin. Será que a CBF também tem um Comitê de Ética? Já está na hora da entidade que comanda o futebol brasileiro fazer uma verdadeira faxina ética.”


O atual mandatário da CBF não foi citado nas investigações; já o antigo presidente da entidade máxima do futebol nacional não foi poupado. Segundo relatório sobre o caso ISL divulgado pela Justiça suíça, que não prevê punição para esse suborno, apenas João Havelange e Ricardo Teixeira receberam da ISL um total 21,9 milhões de francos suíços, o equivalente a R$ 45,5 milhões. O documento relaciona o pagamento aos dois em razão de depósitos direcionados a empresas controladas pelos dois dirigentes brasileiros, apesar de haver uma acusação de desvio de verba de 1,5 milhão de francos suíços (R$ 3,1 milhões) depositados diretamente para Havelange e com o aval do atual presidente da Fifa, Joseph Blatter.


O relatório final sobre o caso ISL, elaborado e divulgado pelo Comitê de Ética da Fifa, deixou claro que Havelange, Teixeira e Leoz receberam propina da ISL, entre 1992 e 2000. Os três negavam o envolvimento com o caso ISL, mas aos poucos foram encurralados por seguidas acusações e o surgimento de documentos oficiais e acabaram cedendo, um a um.


Ricardo Teixeira renunciou aos seus cargos na CBF, no comitê organizador da Copa do Mundo de 2014 e também no Comitê Executivo da Fifa, no início do ano passado, alegando que ficaria com a família, e está praticamente exilado em Miami, nos Estados Unidos. Nicolás Leoz foi internado com infecção pulmonar e uma forte gripe depois de renunciar no fim de abril ao cargo de presidente da Conmebol e também do Comitê Executivo da Fifa; e João Havelange, quase centenário, segue uma rotina pacata em Ipanema, no Rio de Janeiro, onde vive e apenas sai de casa para frequentar um clube para poucos endinheirados.


Em comum, o trio que teve a imagem mais do que arranhada pelo caso ISL tem ao menos um alento, além da falta de pena para esse tipo de crime na Suíça: como a propina foi paga antes da criação do Código de Ética da Fifa e ambos já pediram renúncia da entidade, não podem ser mais julgados pelo escândalo.


Mas, independentemente de sanções oficiais, a saída na surdina da Fifa decreta um fim melancólico para a outrora invejada carreira de Havelange, que também já havia pedido para sair do COI para evitar punição da entidade da qual era membro desde 1963.


O dirigente que começou como cartola da natação, assumiu o comando da Confederação Brasileira de Desportos, a antiga CBD, com a qual foi tricampeão mundial de futebol no período em que lá ficou, de 1956 a 1974, ano em que saiu para assumir a presidência da Fifa, depois de polêmica eleição com suposta compra de votos, o primeiro de uma série de escândalos que ele colecionaria na entidade.


Assim como o sucessor que preparou em vão para comandar o futebol mundial, Havelange teve de recorrer à fuga para não arranhar ainda mais a imagem e nem pagar por crimes cometidos. Por enquanto, parece conseguir a impunidade. Por enquanto.




FONTE: Folha Universal

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